12 de janeiro de 2013

10 pontos para Belém projetar seu futuro


A Belém que completa 397 anos está quebrada, esgotada e humilhada. A prefeitura que termina, reconhecida pela opinião pública – da esquerda à direita, do Psol e do PT mais crítico aos tucanos mais cínicos e peemedebistas mais egoístas – como a pior de toda a história da cidade. A prefeitura que começa o faz sob maus augúrios e passos tortos, com as velhas práticas de nepotismo.
Um Plano Belém 400 Anos é urgente. Sem maiores pretensões, penso que os pontos centrais:
1. Belém tem que se pensar metrópole, se pensar para 15, 30, 50 e 100 anos. Chega de visões acanhadas. Chega de remendar, de tapar buracos. Precisamos de ousadia. Queremos um projeto incrível, inimaginável hoje. Um projeto que nos surpreenda por pensar Belém como uma das grandes metrópoles da América Latina, a partir do conceito de Belém-capital.
2. É preciso superar o paradigma da saída única, a BR. Belém precisa crescer na direção de Barcarena, porque é lá que está o capital: a ZPE (que o governo do PT instalou e o governo Jatene abandonou), a Albrás-Alunorte, várias outras empresas e, brevemente, a ferrovia Norte-Sul. Urge projetar uma nova via – Manaus o fez sobre o Rio Negro, muito mais complexo que o Guamá... A “alça viária” não é uma solução, mas, simplesmente, uma via auxiliar.
3. É urgente pensar na superação do caos absoluto nas condições de habitação de Belém. Precisamos construir bairros planejados, com moradias dignas, com acesso a esgoto e água, servidas por transporte público e servidas por escolas e postos de saúde. Isso não pode ser feito na BR. É preciso ir na direção sul, direção de Barcarena.
4. É fundamental pensar num transporte metropolitano eficaz, associando trem e rios. Vamos nos lembrar que a velha Estrada de Ferro de Bragança equivaleu a isso, na mesma medida em que o excelente sistema de bondes da cidade equivaleu a um sistema de transporte municipal. O Governo Brasileiro os anulou. Justo que pague por isso. Precisamos de um trem de periferia, com uma linha ligando Belém a Castanhal e com outra ligando Belém a Barcarena.
5. De quebra, precisamos de um sistema de transporte municipal eficaz. Todo BRT é provisório. No máximo, é complementar. Para uma cidade grande como Belém, é preciso trilho. Trem. E, é óbvio, aproveitar o sistema de rios e canais da cidades. O Governo Federal tem obrigação de financiar esse sistema.
6. É preciso distribuir o comércio. O atual comércio ocupa o centro histórico. É preciso distribuí-lo, polariza-lo. O poder público deve criar zonas comerciais no quadrilátero central (ver item 7), na Cabanagem, em Ananindeua e em Icoaraci.
7. O centro da cidade se descolocou. A tendência é que ele siga na direção da Almirante Barroso, formando um quadrilátero que tem seus limites nas seguintes vias : 1o de Dezembro (ops, JP II), Pedro Miranda, Humaitá e Dr. Freitas. Esse é o quadrilátero central, a zona que, sem deixar de ser residencial, deve receber bancos, comércios, empresas e escritórios. Temos que inventar esse quadrilátero: dotá-lo de um sistema de transportes ágil e interliga-lo rapidamente aos subúrbios.
8. O centro histórico é constituído pelos bairros da Cidade Velha, Comércio, Campina e Reduto, bem como por partes de Nazaré e Batista Campos. É preciso protege-lo. Sem ele Belém não tem identidade. Com ele, Belém se projeta para o futuro. Necessário recuperá-lo, mas isso passa por torna-lo habitável, por criar condições de moradia nesses espaços.
9. Toda transformação necessita de um cuidado triplicado, com o meio ambiente. É preciso crescer na direção de Barcarena de maneira responsável, protegendo o ecossistema insular. É preciso proteger o rio Maguary, o rio Guamá e os lagos Utinga e Água Preta.
10. O caráter de Belém passa pelas praças públicas. A praça, o parque, é a praia do belemense. Veja-se as praças da República e de Batista Campos, bem como o Goeldi e o Bosque. Imagine-se espaços semelhantes criados nos bairros, nos subúrbios, no municípios da região metropolitana.

2 comentários:

  1. Olá Fábio. Que bom que vc reabriu os blogs! Gostei muito dos pontos que vc levanta aqui. Singelos, mas com uma objetividade imensa. O ponto 2 é fabuloso: "Belém precisa crescer na direção de Barcarena, porque é lá que está o capital" é uma síntese que devia ser ouvida pelos nossos governantes. Grande abraço!

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  2. Se nossos governantes tivessem um mínimo de visão de futuro Belém teria potencial para se tornar uma cidade inclusiva e maravilhosa. O problema é que eles só conseguem enxergar como obstáculo o que poderia ser visto como potencial, como os rios e as ilhas.

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