26 de junho de 2012

A importância das cidades na geografia amazônica


"A Amazônia registrou as maiores taxas de crescimento urbano do país nas três últimas décadas do século 20 e início do século 21: a população urbana representava 37,3% em 1970, 45,9% em 1980, 56,0% em 1991, 69,0% em 2000 e 71,72% em 2007. No entanto, o tema urbano é negligenciado na pes- quisa e na política regional, submerso na onda verde que recobriu a preocupação sobre a Região. No máximo, mostram-se as carências das cidades “inchadas” que são, sem dúvida reais, mas constituem visão parcial, porque as obscurecem como força de desenvolvimento. 
Durante séculos, dominou uma estrutura urbana díspare constituída de núcleos fluviais muito pe- quenos e a primazia de Belém e Manaus. Esta foi rompida no final século 20 no arco Povoamen- to Adensado – a Amazônia desmatada –, onde há várias cidades com mais de 50 mil habitantes próximas às estradas em torno de Belém, ao longo da Belém-Brasília e da Brasília-Rio Branco, até o sul do Acre. Nas áreas florestadas, Manaus mantém a primazia, mas deixa de ser um enclave e um grupamento incipiente de cidades se configura. Cresceram não só as grandes cidades como Belém (2.043.537 hab.) e Manaus (1.612.475 hab.) como algumas com 100-300 mil, 20-50 mil, e muitas com menos de 10 mil habitantes (Fig. 1-1). O crescimento e a multiplicação de núcleos urbanos, contudo, resultou na generalizada escassez de serviços básicos para a população fato que, aliás, não se restrin- ge à Amazônia, mas nela é acentuado. Excluídas Belém e Manaus, a maioria das cidades amazônicas sequer se consolidaram como lugares centrais para a população local e regional, e para desempe- nharem seu novo papel é necessário consolidá-las como tal".

Berta Beker, "Uma visão de futuro para o coração florestal da Amazônia". In: Beker et al. Um projeto para a Amazônia no século 21: desafios e contribuições. Brasília, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2009.






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